quarta-feira, 18 de março de 2009

Cavalos e outros bichos...

De um autor inglês do século XIX: O verdadeiro gentleman compra sempre três exemplares de cada livro: um para ler, outro para guardar na estante e o último para dar de presente.
Mário Quintana

Embora eu já tenha abordado algumas vezes temas relacionados a curiosidades e coincidências nesta coluna, sempre acabo voltando ao assunto, porque surgem novidades. Em fevereiro deste ano, o jornalista Walter Manna, que está iniciando o programa Aperitivo Latino Americano de Arte & Cultura, na TV Tupy on-line (www.tvtupy.com.br) solicitou meu currículo resumido de escritor e jornalista e algumas curiosidades que ocorreram em minha vida profissional para tornar mais atraente, a entrevista que faria comigo em fevereiro ou março (já gravada na terça-feira, 10-03-09), no estúdio da emissora no bairro do Ipiranga, em São Paulo.Enviei por e-mail e levei no dia uma lista com13 curiosidades e coincidências, que nem chegaram a ser aproveitadas na entrevista, que acabou se concentrando nas minhas atividades literárias e nos meus quatro livros individuais: Tramas & dramas da vida urbana - 2004, No ritmo sensual da dança-2006, ambos de contos, Cotidiano e imaginário do ano 2000 (diário)- 2007; e Janela da Liberdade e outras histórias (infantil)- 2008.No entanto, uma dessas curiosidades teve desdobramentos, sem que os envolvidos soubessem qualquer coisa a respeito da minha lista e da entrevista. Antes de ser jornalista trabalhei em outras profissões, sendo a primeira como ajudante de farmácia, onde aprendi a aplicar injeções musculares e intravenosas em seres humanos. Mas quando fui trabalhar na antiga Farmácia Ipiranguinha, na Praça Adhemar de Barros, em Santo André, perto do Centro, o seu então proprietário Pedrinho Milaré, que entendia de veterinária, tratava e aplicava injeções em animais. E não apenas em gatos e cachorros, mas também em cavalos, vacas e outros bichos.Aliás, o Pedrinho era proprietário de cavalos de corridas, que mantinha no Jóquei Clube de São Paulo. A farmácia acabou ficando mais famosa por dois motivos: pela aplicação de injeções em animais e pelas apostas nas corridas do Jóquei – ambas eram feitas em outros dois cômodos existentes nos fundos. As corridas eram acompanhadas pelo rádio. Ali eu também aprendi as duas coisas: aplicar injeções em animais e apostar nos cavalos favoritos ou azarões das corridas do Jóquei Clube. Mas nunca ganhei.Sem saber dessas histórias, dias atrás o pesquisador Maximiano Henrique dos Santos enviou um e-mail me convidando para ser coautor em um livro que ele pretende escrever a respeito do Haras São Bernardo ou Chácara da Baronesa, na divisa de Santo André com São Bernardo do Campo. Como se sabe o barão e a baronesa criavam ali cavalos de corridas, que participavam de grandes provas no Jóquei Clube de São Paulo e alguns desses animais bateram recordes mundiais.O Henrique me convidou para essa parceria, porque soube através do jornalista Carlos Laranjeira, editor dos jornais Polítika do ABC e Jornal do Livro, que eu havia feito reportagens sobre o Haras São Bernardo e que o também jornalista José Marqueiz (falecido), com quem trabalhei muitos anos, na época (décadas de 1960/70) pretendia escrever um livro sobre essa chácara, mas não chegou a levar avante o projeto.Depois de uma conversa pessoal com o meu futuro coautor, que ficou de fazer nova visita à Chácara da Baronesa, eu também iniciei minhas pesquisas no Museu de Santo André, onde encontrei um Trabalho de Graduação Interdisciplinar de Priscila Cavanha, da Universidade Católica de Santos (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), tendo como orientador Samuel Szpigee, intitulado Revitalização do Haras São Bernardo, realizado em dezembro de 1994, e num dos capítulos, ela ressalta que na área de 340.990.00 metros quadrados, apenas 4.112 metros correspondem às áreas construídas: moradia e cocheiras para a criação de cavalos de corridas. A área já tinha o nome de Haras em 1949, quando foi solicitada a licença para funcionamento. Foram construídos 17 pastos entre fileiras de árvores. Além dos cavalos e de 32 éguas criadeiras eram mantidas 15 vacas.Os cavalos eram tratados com aveia e leite desnatados dessas vacas. Vou encerrando esse assunto, acrescentando que, segundo o trabalho da Priscila, “O Haras ainda funcionava em 1965, mas a criação de cavalos de raça no local começou a diminuir gradativamente nos anos 70”. Foi constatado que a poluição originária das indústrias petroquímicas que começavam a se instalar na região, estava prejudicando o desenvolvimento da criação de cavalos. Depois que começarmos a escrever o livro, daremos mais detalhes.

Fonte: www.cliqueabc.com.br - Coluna Esquina Descontraída

Hildebrando Pafundi é escritor, jornalista, contista e cronista. Membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, da União Brasileira de Escritores (UBE-SP) e outras entidades. Tem quatro livros publicados. Contatos com o autor e colunista pelo e-mail
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